1ª Dissertação sociológica, filosófica e teológica sobre o Cemitério Solar Eterno!

Primeira Dissertação sociológica, antropológica e filosófica sobre a 'Cidade dos Mortos' no Cemitério Solar Eterno!

A cultura de enterrar os mortos é mais antiga do que a posição de andar para frente. Começou no Egito Antigo com suas múmias esperando a ressurreição, ganhou aspectos mitológicos entre os Azteca e um ritual sagrado em várias nações e continentes.
Enterrar os mortos é criar uma simbiose antropológica e teológica com a Terra, naquilo que a Igreja Católica e o Protestantismo do Cristianismo, apenas para citar dois exemplos religiosos, dizem que: viestes do pó, e a pó retornarás".
Em Nova Russas, para não ser diferente, repete-se o ritual de enterrar mortos. A nossa populosa cidade dos mortos, sempre aumentando sua população por falta de nascimentos, é o Cemitério Solar Eterno.
Foi participando de milhares de enterros no Solar Eterno (cerca de 2.000 túmulos góticos, clássicos/neoclássicos, modernos; e mais de 100.000 mortos ali enterrados), que aprendi quase tudo sobre sociologia, filosofia, aspectos místicos e religiosos sobre.
Base de conhecimento que me leva escrever na blogosfera a 1ª dissertação sociológica, filosófica e teológica sobre os mortos enterrados no Solar Eterno.
Com todo respeito e veneração aos mortos!
Preâmbulo da ritualística dos mortos...

Na ritualística da mortuária para levar os mortos ao Céu, tem que seguir algumas regras básicas e fundamentais nos enterros.
A cabeça do morto deve ser enterrada virada para o nascente (onde Deus fez nascer o Sol) e os pés para o poente -onde o Sol se póe. E ossos retirados das sepulturas para colocação de um novo corpo, devem ser colocado da mesma foram.

Mais. Deve amarrar o corpo do morto [nos pés] para a alma não fugir para lugar incerto. Sendo proibido entrar no cemitério com feridas abertas, sob o risco delas não mais sarar.

Mais regras. Alguns enterros atuais são feitos com grande acompanhamento automobilístico e acompanhados pelo carro de som da funerária tocando músicas que eram do gosto do falecido ou morto. 
Aprendi muitos nos discursos...
Na minha existência de acompanhar enterros, fiz mais de discursos fúnebres. Aprendi muitas coisas da psicologia funerária acompanhando enterros e fazendo discursos.
Parentes dos mortos, prostrados sobre os caixões antes de enterrarem seus entes queridos, dizem que nunca mais verão eles, dizendo-se, ai, uma crença na morte como o fim de tudo.
Uma jovem filha, ao abraçar e chorar sob o caixão da mãe morte, disse que não estava acreditando no que estava vendo, achando que aquilo tudo era apenas um sonho muito ruim e que sua mãe não estava morta.
Outra coisa que aprendi foi que a ordem social e econômica da sociedade capitalista existente no mundo dos vivos de Nova Russas, na hora da morte, e reproduzida com a construção de túmulos de luxo e suntuosos de mármore e azulejos importados, ocupando grandes espaços na área geográfica do referido cemitério. 
Túmulo da família Evangelista, onde estão enterrados os saudosos José Evangelista e Aldenora Evangelista -uma das maiores personalidades femininas-, é uma geografia tumular bem burguesa e de uma arquitetura bastante estética e um dos túmulos mais bonitos da chamada elite do cemitério Solar Eterno.

"Combati o Bom Combate"...

Membro da elite católica e o mais importante sacerdote conservador da história de Nova Russas, cuja alma milagrosas faz milagres, Padre Leitão está enterrado num belo túmulo de mármore e de perfeição estética. 
Túmulo de Padre Leitão tem uma passagem/mensagem profética do profeta de São Paulo, que era a preferida dele: 
"Combati o bom combate".

 .Visão tumular do coronelismo...

Um dos principais coronéis, mas também, dentro da visão historicista e não preconceituosa, um dos grandes homens públicos de nossa história, Artur Pereira de Sousa está enterrado ali.
Seu túmulo está localizado  na chamada área mais antiga do Cemitério Solar Eterno, com presenças de túmulos com arquitetura clássica e neoclássica. 

Aos pobres, só resta o pó da Terra...

Na estratificação e na divisão social dos mortos no Cemitério Solar Eterno, os pobres são sepultados em covas rasas com cruzes de madeira. 

Situação explicada porque os pobres aceitam a morte de maneira mais natural e de um retorno ao pó mais do que os ricos, que fazem túmulos suntuosos e enormes.

As pessoas pobres de Nova Russas, enterradas no cemitério Solar Eterno [Cidade dos pés juntos], preferem ser enterradas em covas rasas no chão batido com os vivos jogando barro e areia na hora do enterro, como acompanhei muitas vezes.
Desejos subjetivos nos túmulos...
Cada ser humano, na vida ou na morte, desejam eternizar seus desejos subjetivos, suas atividades profissionais, seus gostos pessoais, suas vontades principais.
Túmulo do cidadão Valdemir Vieira de Sousa, o Baião, que foi brutalmente assassinado sob suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, expressou muito bem isso.
Tinha dois gostos principais. Gostava de cavalos e de tatuagens. Gostos simbolizados e estilizados em seu túmulo bem famoso.
Seu túmulo está uma pintura com a filha (anjinho), dizendo que a família não se separa nem na vida e nem na morte. 

Família unida na vida e na morte...
Tem mais. A morte não é um fenômeno que separa as famílias. Pode até separar temporariamente, mas com o tempo e as mortes sucessivas as famílias voltam a se unir no cemitério Solar Eterno.
Como se vê na foto de covas rasas e cruzes em cima, elas são de parentes e de pessoas do mesmo núcleo familiar, revelando que foram da família não há salvação, como se vê nas covas coletivas com corpos de várias pessoas da mesma base famíliar. 

Mortos e a simbologia católica...

Mais precisamente os símbolos e simbologias do catolicismo popular, que é de oposição ao catolicismo mais tradicional e conservador.
Cruzes das covas rasas das pessoas pobres levam símbolos religiosos do catolicismo popular: rosários, flores, fitas das romarias de São Francisco -buscando alcançar milagres e graças por meio de objetos e relicários sagrados.

Nas mesmas covas rasas no chão batido do Solar Eterno, são colocadas garrafas cheias de água para matar a sede das almas sedentas e pecadoras do Purgatório, mortas de sede e querendo beber água para purificar suas almas visando a salvação eterna. etc.
Santa popular dos milagres...

A alma bendita da santa popular Maria das Dores, líder espiritual e religiosa de várias gerações de novarussenses, e enterrada no cemitério Solar Eterno, continua fazendo muitos milagres. 

Túmulo da alma milagrosa Maria das Dores é um dos mais visitados pelas pessoas que buscam conseguir milagres e curas.

Mesmo caso do túmulo da professora Francisca Rodrigues Pereira, a 'Theska', professora que morreu em Nova Russas. 

'Theska' era uma linda, simpática, maravilhosa e devotada professora devotada à educação. 

Deus levou nossa professora 'Theska' precocemente para o Céu. 
Simbologia cigana na morte...

Considerado pobres e nômades, desde o surgimento deles na Índia até a expansão das fronteiras na Rômenia [Leste da Europa], os ciganos não deixam de ter um túmulo. Túmulo dos ciganos é cheio de jóias, de brinquedos, miçangas, de pratas,  de objetos diversos adorados pela ciganada, seja Giron ou Kalon.
Fundador dos Vicentinos...
Tive a honra em vida de conviver com uma pessoa honesta, correta e maravilhosa. João Mendes Brandão, fundador da Sociedade dos Vicentinos em Nova Russas.
Católico que hoje está no Céu!

Cruzeiro de todas as almas...

O cruzeiro central, ou junção de todas as cruzes, é o principal símbolo para pedirmos a Deus e ao Nosso Senhor Jesus e todos os santos, que salve as almas dos nossos entes queridos. 

No dia de finados, neste local do cruzeiro, milhares de pessoas acendem velas e rezam pelas almas milagrosas ou almas penadas dos seus mortos. Representando, pelo fogo, a purificação da alma.

Zé Felipe: filósofo existencialista...

O comerciante e cidadão de bem, José Felipe de Araújo ( pai do comerciante Amarante e do empresário Chiquinho Felipe, entre outros maravilhosos filhos), era uma das personalidades mais inteligentes de Nova RUSSAS.
Zé Felipe era um verdadeiro filósofo existencialista, como se vê no epitáfiio. Como se vê na placa e no epitáfio  do seu belo túmulo.
Querendo dizer, em outras palavras, que a eternidade em outra dimensão é uma dúvida existencial. Acreditava apenas na sua existência na Terra e que nunca mais poderia ressuscitar. 
Acreditando na vida eterna, mas na Terra.

Sociedade dos Poetas Mortos...

Comerciante, poeta e fundador da Sociedade São Vicente de São Paulo, Manoel Evangelista Pontes, o Manoel Patrício está na lista dos grandes escritores e dos grandes poetas de Nova Russas. Deixou até uma bela poesia de amor eterno para sua esposa.

Nem a morte os separou...

O casal enterrado no presente túmulo, como mostra a fotografia, expressa uma característica básica nos casais, dentro do casamento monogâmico do amor eterno. 
Refletindo que o amor conjugal e a família são inseparáveis, mesmo após a morte. Ficando juntos esposo e marido, pais e filhos, netos e outros parentes no mesmo túmulo.

Devoção mariana dos mortos...

Todas as santas e todas as Nossas Senhoras fazem parte da devoção mariana aos nossos mortos, sejam  dos anjos ou falecidos adultos. 

Inclusive, em alguns casos, até pintando o túmulo com as cores do manto de Nossa Senhora das Graças.

Expansão do Solar eterno rumo ao 'Grupo das Almas'...

Como está superlotado, não havendo mais espaço interno para enterrar nossos mortos, só tem uma solução. Expandir o cemitério Solar para o terreno da frente, que fica próximo do Grupo Escolar Zilmar Mendes, vulgo Grupo das Almas. Não tem outra solução melhor.

É o novo!

Sujeito lembra que, em 1927, acompanhou o enterro, dentro de uma rede, do finado Cesário Patrício?

Túnel do tempo...

Que fim levaram as os caixões de anjinho do cemitério solar eterno?
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Colunista e autor da Dissertação: Professor Tim é cientista político e blogueiro.