segunda-feira, 29 de maio de 2023

História dos Preconceitos contra os Ciganos na Europa!

 O PRECONCEITO CONTRA OS CIGANOS NA EUROPA

O primeiro documento que atesta a presença dos
ciganos na Espanha é de 1423, quando os mesmos
pedem permissão para cruzar o território a fim de
peregrinar a Santiago de Compostela.
Cartazes eram espalhados nas cidades e vilas da Espanha, onde proibiam a entrada de Ciganos. Haviam cartazes que diziam:"Se forem encontrados ou tomados, sem ofício, sem senhores, em cidades ou aldeias que dêem a cada um, cem chicotadas pela primeira vez e os expulsem perpetuamente destes reinos, e pela segunda vez lhes cortem as orelhas e prendam em correntes à vista de Todos."
Os ciganos eram expulsos das igrejas. Foram perseguidos durante a formação das Monarquias Nacionais na Europa, pois todo aquele que não era católico, foi expulso. A definição apresentada em um dicionário português do século XVll apresenta os ciganos como povos vagabundos e desonestos, que se diziam naturais do Egito e obrigados a vagar pelo mundo, por serem descendentes dos que não deram abrigo a Virgem Maria. Na ldade Média, em algumas localidades, paralelamente, havia uma série de lendas que reforçavam o distanciamento. Em uma delas,
diziam que o ferreiro que fabricou os pregos que fixaram Jesus Cristo na cruz era cigano. A partir desse corolário de mitos, a população Cigana esteve associada ao estigma do preconceito. Ao longo do tempo, observamos que os ciganos foram vítimas das mais violentas e cruéis perseguições. O evento mais recente que exemplifica isto ocorreu na Alemanha Nazista, quando milhares de pessoas pertencentes a
esse grupo foram presas pelo regime de Adolf Hitler. Na verdade, esse mesmo tipo de combate acontecia desde os tempos da Europa Moderna.
O texto escrito por Raphael Bluteau traduz como a Sociedade lusitana moderna percebia os povos ciganos com os quais convivia. Na documentação oficial dos séculos XVI ao XVIII, o termo aparece quase sempre ligado a transgressores da lei, acompanhando atividades ilícitas e jogos variados.
Eram banidos e afastados das cidades se não fossem nascidos nelas. Os ciganos são a maior minoria étnica da Europa. Dos cerca de 10 a 12 milhões de ciganos que vivem na Europa, cerca de 6 milhões são cidadãos europeus ou residentes na UE. Muitos ciganos continuam a ser vítimas de preconceitos e de exclusão social, apesar da proibição de discriminação nos países da UE. Estudos históricos, linguísticos e genéticos sugerem que os ciganos, ou rom, roma ou romani, imigraram do norte da atual India, das regiões do Punjabe Rajastão. O povo teve origem na antiga Índia, e a palavra cigano vem de uma antiga lingua morta e significa intocável, ou aquele que faz bruxaria. Até hoje, o imaginário apresenta os ciganos com uma aura onde mistério, medo e fascinaçāo se misturam.
A Suíça, por volta de 1470, foi uma das primeiras nações a instituir leis contra a presença dos ciganos em seus domínios. Na Peninsula Ibérica, o processo de expulsão dos árabes também foi paralelamente
acompanhado pela perseguição aos ciganos. Ao
longo da dinastia dos Tudor, na Inglaterra, leis
de enorme severidade determinavam que a simples descendência cigana bastava para que o acusado fosse condenado à morte.
Yáscara Guelpa é jornalista e representante do povo cigano na Comissão de Povos Tradicionais, que foi criada pelo governo. Ela conta que os ciganos saíram
da Índia por razões ainda desconhecidas. Passaram pelo Oriente e entraram na Europa pela Turquia e Grécia. A partir do êxodo pelo Oriente, os ciganos passaram a se dedicara atividades itinerantes, atuando então como ferreiros, domando e vendendo cavalos, fazendo comércio e apresentações como
saltimbancos, e claro, oferecendo a arte da adivinhação. Os ciganos que foram para o leste europeu em países como a Romênia e a Rússia são os chamados ciganos roms e falam romanês. Os kalons são aqueles que se instalaram na península ibérica, Portugal e Espanha, e falam kalé. E os sinti, que falam
sinto, foram para os demais países, como Itália, Escócia e Alemanha. Os três dialetos têm a mesma origem indiana, e o Brasil recebeu ciganos desses três grupos, sendo que existem diversos clãs dentro destes grupos. No Brasil, os primeiros ciganos a
chegar vieram de Portugal, no ano de 1574, como explica Yáscara Guelpa.
O termo em português "cigano" (assim como o
espanhol gitano e em inglês gypsy) é uma corruptela
de egípcio, aplicado a esse povo pela crença errônea
de que seriam provenientes do Egito. No século XVII,
o estudo da língua romani, própria dos ciganos,
confirmou que se tratava de uma língua indo-ariana,
muito similar ao panjabi e ao hindi ocidental. Isso
demonstrou que a origem do povo rom está no
noroeste do Subcontinente Indiano, na zona em que
atualmente fica a fronteira entre os Estados
modernos de Índia e Paquistão. Esse descobrimento
linguístico acabou sendo também respaldado por
estudos genéticos. Ế provável que os ciganos
originaram-se de uma casta inferior do noroeste da
Índia, que, por causas desconhecidas foi obrigada a
abandonar o país no primeiro milênio d.C.
Os países onde vivem o maior número de ciganos
são os Estados Unidos, Brasil e Espanha. No entanto, são em países como Sérvia, Bulgária, Eslovênia e Romênia é que se verifica a maior proporção de ciganos na população. Os ciganos chegaram ao Brasil com os navegantes portugueses. As autoridades de Portugal viam nos seus territórios ultramarinos uma oportunidade de se livrar desses indivíduos que eram considerados "indesejados".
O idioma dos ciganos, o Romani é uma língua indo-europeia do ramo indo-ariana (ao qual pertencem, o Sânscrito, o Pali, e outras línguas indianas modernas, como Hindi, Punjabi, Bengali, Nepali...) e é falada na Europa desde o século XIl. Desde o século XVIll os linguistas descobriram uma estreita relação entre o Romani e as línguas da Índia.
Curiosidade:
Cada cigano tinha três nomes: O primeiro era um nome secreto sussurrado no ouvido do bebê logo após o nascimento e novamente quando a criança atingia a puberdade, mas nunca falado em voz alta em nenhum outro momento e nunca contado a mais ninguém. O segundo era um nome cigano, usado apenas entre ciganos. O terceiro era um nome local, geralmente escolhido para refletir os nomes gerais dados aos não-ciganos no país onde o cigano residia. Este era o nome que o cigano usaria publicamente, com um gadje (não cigano), ou em documentos oficiais.
O Brasil foi o único país do mundo que se saiba que teve um presidente cigano, que foi Juscelino Kubistchek, e mesmo assim não existem políticas anti ou pró-ciganas, e nem leis que tratem especificamente das minorias ciganas. Oficialmente os rom, sinti e kalon, que são os chamados ciganos, sequer são considerados minorias étnicas".


Nenhum comentário:

Postar um comentário