quinta-feira, 29 de junho de 2023

Artigo machadiano de Reginaldo Silva sobre a crise no PDT!

 Machado de Assis, ideia fixa de Ciro Gomes e a insegurança partidária no PDT em artigo de Reginaldo Silva!
Na atual crise interna no PDT do Ceará, apenas o brilhante intelectual e jornalista Reginaldo Silva conseguiu no transplante político do realismo de Machado de Assis, a partir do seu livro principal, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (escrito por um defunto-autor, da morte para a vida), em torno da ideia fixa citada na obra literária.
É que na eleição do ano passado, o então candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, botou na cabeça uma ideia fixa. Candidatura própria a presidente, ele, e a governador, Roberto Cláudio, cujo resultado um verdadeiro infortúnio eleitoral, ou seja, total falta de votos nas urnas.
A fixação de Ciro em candidaturas próprias sem apelo popular foi o começo da crise eleitoral do partido no Ceará e, por tabela, o fator gerador da crise que divide a sigla em duas alas: a do senador Cid, que quer o comando estadual da sigla para apoiar Elmano; e a do André Figueiredo, quer o comando em Fortaleza e no interior.
No meio da crise interna, os prefeitos vivem uma total insegurança partidária, pois querem ser candidatos à reeleição pelo PDT, portanto, rezam para que a crise termine agora em julho e eles tenham segurança e legenda partidária para tentarem novos mandatos em seus municípios interioranos.
Voltando à ideia fixa, Roberto Cláudio e Sarto estão fixados na eleição em Fortaleza.
Seria bom que eles ouvissem a lição de Machado de Assis sobre ideia fixa.
Sempre acaba no infortúnio e na derrota total.
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Crise no PDT: a pressão não é de Cid, são os prefeitos que querem segurança partidária. Por Reginaldo Silva

Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

A crise no PDT cearense abre uma nova página a cada novo encontro do partido e segue sem definição. A ala cirista diz que a tentativa de tirar André Figueiredo da presidência estadual da legenda antes do término do prazo legal chega a ser um “golpe”. Outros falam em independência do partido em relação a gestão do governador Elmano de Freitas, ressaltando que a sigla precisa de autonomia.

Para entendermos um problema, é preciso identificar a raiz do problema. A relação entre PT e PDT, liderada por Cid e Camilo governou o estado por 16 anos e tudo transcorria dentro da normalidade, até a ideia fixa de Ciro em montar um palanque puro no Ceará. A literatura já nos ensinava o caminho da ideia fixa. Em Memórias Póstumas de Braz Cubas, Machado já dizia que ela pode nos levar à glória ou ao infortúnio.

O palanque puro foi montado, Roberto Cláudio foi para a eleição, houve rebelião de prefeitos que não compraram a ideia e o resultado foi desastroso. O partido se quer chegou ao segundo turno das eleições em 2022 no Ceará.

Camilo e Elmano saíram vencedores do pleito puxados pela liderança de Lula e fortalecidos pelo silêncio de Cid que se ausentou da campanha. A grande maioria dos prefeitos do interior do estado, declararam apoio a chapa de Camilo e Elmano. Sem a liderança de Cid na linha de frente, como ocorria em eleições anteriores, gestores fizeram suas escolhas ratificadas por deputados estaduais e federais que apoiaram a chapa vencedora.

De lá para cá, não foi mais possível emendar as pontas e, a cada novo encontro, o problema aumenta. A vinda de Lupi ao Ceará para tentar contornar a situação não surtiu efeito, chegou de malas vazias e voltou com elas cheias de abacaxis para descascar. Sua voz mais eloquente soou pelos quatro cantos do Ceará: “não é fácil” vou procurar o Camilo e o Elmano para conversar. Lupi é mais cirista do que cidista.

Mais tem uma coisa que o PDT de Ciro, Roberto Cláudio, André Figueiredo e José Sarto ainda não entenderam. Não é Cid que está tentando dá um golpe e tomar a presidência do partido, ele está se antecipando a um problema que ainda não veio à tona. Essa ala está preocupada apenas com a eleição da capital e está esquecendo o interior. A maioria dos prefeitos do PDT, acompanharam o governador Elmano na última eleição e não estão seguros no partido em meio a essa crise, ficam em dúvida, se terão legenda ou não em meio a esse conflito interminável, por essa razão, estão pressionando Cid que essa decisão saia agora em julho.

Gato escaldado tem medo de água fria, muitos gestores assistiram o que foi feito com uma governadora no exercício do mandato, a ela foi negado pelo partido o direito de concorrer a reeleição, imagine o que pode ser feito com um prefeito. Portanto, a pressão não é de Cid, a pressão é interna de prefeitos e vereadores que irão entrar na arena eleitoral do próximo ano sem a confiança plena na legenda. Existe um receio de retaliações de gestores que foram contrários a esse grupo na eleição passada.

A briga pelo comando estadual do PDT, não é pelo apoio ao governo Elmano, é por uma questão de sobrevivência, ou Cid assume ou haverá uma debandada de gestores para outras legendas. Lembram da lição de Machado de Assis sobre ideia fixa? Não existe meio termo, ou a glória ou o infortúnio.



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