sexta-feira, 21 de abril de 2017

Ensaio do Blog Professor Tim do novo querendo matar o velho.

Não há outra verdade: o novo quer destruir e matar o velho na dialética da vida humana!
Se a vida humana é um combate que aos fracos abate, a maior verdade é o conflito permanente do novo querendo destruir e matar o velho para tomar seu lugar.
É o sumo da dialética violenta entre gerações.
No livro "Incidente em Antares"Resultado de imagem para fotos e imagens do livro incidente em antares, obra clássica do escritor Érico Veríssimo, cujo enredo principal é a greve de coveiros que se negam a enterrar os mortos ilustres de uma cidade do interior gaúcho (Antares), é célebre o depoimento de Quitéria Campolargo -uma das mortas não enterradas no cemitério-:
"Quando chegou em sua casa, em espírito, viu e observou seus jovens filhos e netos brigando pela posse de suas joias e de suas riquezas, acreditando que os mais novos desejam as mortes dos mais velhos não apenas como uma fatalidade biológica, mas como uma obrigação social".
A velhice é considerada uma grave e contagiosa doença incurável, e por isso os velhos devem morrer o mais breve possível como obrigação social e econômica, especialmente quando mijados do câncer de próstata e fecalizados nos vários cânceres digestivos e intestinais.
Quando não conseguem a morte biológica dos mais velhos, os mais novos conseguem a morte social dos mesmos. Filhos, netos e bisnetos internam, declaram a interdição psíquica de seus pais e de seus avôs para facilitar a divisão da herança e dos seus bens materiais.
Materialismo, egoísmo, ruindadade dos mais novos pela herança e dos bens patrimoniais da terceira idade, como é conhecida a faixa etária dos mais velhos nos programas sociais e no jargão politicamente correto sociedade contemporânea.
Muitos netinhos e filhinhos criados com tanto mimo pelos pais e avôs, fazem as piores putarias, até mesmo furtarem os cartões de crédito e de seguridade social dos aposentados para fazerem empréstimos consignados em seus nomes nas agências bancárias.
Passar dos 60 anos, ficar velho, pertencer à terceira idade é a pior coisa que acontece a um ser humano em nossa sociedade atual, que valoriza sempre a juventude e o ideal de ser eternamente jovem.
Os velhos são discriminados nos empregos, nas filas dos bancos, no transporte público, no tratamento médico-hospitalar, na acessibilidade, nas competições esportivas, na educação formal etc.
Velhos e idosos vivem acorrentados em asilos, isolados nas alcovas, discriminados nas festas sociais, adoentados sem ninguém para cuidar deles.
Dois fatos. Primeiro: quando os velhos estão numa festa qualquer, os mais jovens "perguntam o que aqueles 'cabras véi' estão fazendo ali e dizem que não entrar em festa que só tem velho".
Segundo: Direitos dos idosos e dos mais velhos são totalmente negados por uma sociedade da paranoia juvenil, como é o caso da proibição de sexagenários fazerem concursos públicos para qualquer cargo na atividade pública e estatal.
Embora burocratas e governantes digam que o Estatuto do Idoso e o Conselho dos Idosos funcionam para garantir os direitos dos idosos e da terceira idade, eles não servem para nada. Apenas letra morta para enganar os pobres dos nossos velhinhos.
Quando não os direitos negados, o pouco oferecido aos mais velhos é seguir a lógica produtivista e física da sociedade da paranoia absoluta pela eterna juventude:
Obrigam os idosos e as idosas a trabalharem em serviços que vão além de suas forças físicas, ou exercícios físicos como se fossem muito jovens, podendo morrerem de um infarto violento no miocárdio.
O que sobre de diversão para os mais velhos é apenas jogar dama e baralho de nossas ruas, sob o olhar vigilante dos moralistas conservadores de plantão.
Outra deformação da sociedade juvenil é a busca da terceira idade, particulamente as mulheres idosas, buscarem a eterna juventude pela via do bisturi e de medicamentos geriatras. Mulheres idosas, acima dos 60 anos, fazem cirurgias plásticas diversas e usam botox para acabar com as rugas.
Loucura: não tem jeito para o fim das rugas, das pregas, das celulites, dos peitos caídos; da bunda flácida, do enrugamento vaginal.
Lei da Gravidade derruba tudo!
Já os homens sexagenários usam e abusam dos viagras ['azulzinho'] e outros estimulantes sexuais da indústria farmacêutica, visando fazer sexo todos os dias. Resultado: viagra mata os velhos sexuais de ataques fatais no coração.
A luta dialética do novo contra o velho atinge o capítulo mais violento na política, quando os mais novos tentam assassinar as carreiras políticas dos políticos mais velhos. Em nome da chamada nova política, presente em alguns políticos e partidos de Esquerda [PSOL, PCB, PC do B, Rede], pregam a morte e o fim da velha política e o nascimento da nova política, sem vícios dos antigos políticos.
O próprio Che GuevaraResultado de imagem para fotos e imagens de che guevara e o novo homem, o jovem revolucionário contra o velho sargento Batista, após a tomada do poder político em Cuba, disse que iria fundar o novo Homem.
E isso virou um mantra político. Muitos políticos, alguns com apenas 50 anos de idade, abandonam a política para colocar seus filhos bem jovens para os mesmos cargos políticos deles.
A juventude não quer apenas destruir e matar os mais velhos, mas se sente imortal. Todo jovem acha que não vai morrer, desafiando o perigo e ponde sua vida diante dos piores desafios: andar em carros de alta velocidade, pular de pontes muito altas, escalar montanhas, praticar esportes radicais como rappel.
Outra coisa. Mas se tiverem que morrer, os jovens preferem morrer muito jovens. Daí que abusem das drogas e dos atos mais bárbaros e selvagens de violência uns com os outros.
Rejeitam ainda a moda, a literatura, a arte, o esporte, as modas, os comportamentos dos mais velhos. Nada que é dos velhos, presta para os mais jovens.
Velho não serve para nada, velho não presta para nada, na visão patológica da juventude transviada.
Muito triste. Porque os idosos são seres humanos, solidários, sábios e extremamente inteligente.
Experiência para dar e vender aos mais jovens.
Termino, até na questão da experiência, com uma frase ontológica do genial dramaturgo Nélson Rodrigues:
"Jovens, envelheçam".
Mas envelheçam com sabedoria.
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Cronista: Professor Tim é cientista político e blogueiro.

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