sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Dr. Augustinho Chaves, filho do genial Luiz Gonzaga Mendes e neto do não menos genial Temóteo Chaves (ambos de Nova Russas), é uma das maiores inteligências do Poder Judiciário no Brasil. Sumidade jurídica da Justiça Federal e com capacidade para ser Ministro do STF. Também com uma grande capacidade de escrever textos reflexivos. Estou postando um deles.,,,

Excelente reflexão.
Por Augustino Chaves
A imagem pode conter: Augustino Chaves, sorrindo, atividades ao ar livre, Juiz Federal!
"Multiplique por milhões uma situação pessoal (que fomos condicionados para ver sempre como pessoal) e chegamos a uma situação coletiva, ou melhor dizendo, social. Mas nossos olhos condicionados enxergam somente como pessoal. Se existem 65 milhões de endividados, cujos nomes constam nas listas negativas, a origem da questão não é pessoal, a maneira a qual a dívida foi calculada não é uma regra objetiva, neutra (é tanto que difere incompreensivelmente de país a país) e as consequências dessas dívidas afetam o país como um todo. Em vários países existe lei específica tratando da situação de endividamento pessoal. Aqui no Brasil não temos essa lei que trate com razoabilidade - e justiça - quem se endividou, a pessoa física que se endividou. O tratamento é desigual. E o que se cobra a mais do valor da dívida inicial é perverso e não é aceito em outros países. Aqui é o paraíso dos agiotas. A lei que trata esse assunto em outros países leva em conta que vivemos numa sociedade cujo apelo ao consumo é incessante e sofisticado. E nunca nos foi ensinado nada de finança pessoal, de educação financeira. E leva em conta que não se trata de questão moral (“deixar de pagar”, como foi repetido pela mentalidade que domina), mas sim de questão jurídica, econômica, geral. Assim, quando ouvi pela primeira vez alguém trazer de maneira clara essa questão a público, rompendo espesso silêncio, depois de me deparar com esses casos enquanto operador jurídico, ou enquanto amigo de pessoas, senti que sempre se chega um dia em que uma melhora acontecerá: “as dores de uma época são todas elas irmã s”."

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