segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Consagrado intelectual, Montezuma Sales tomou uma atitude bem cultural em pleno carnaval. Visitou a terra símbolo de Cora Coralina, a maior expressão da poesias crítica do Goiás. Viagem cultural que vai fortelecer sua expressão escrita para fazer novos tijolaços virtuais contra gestão Machado.

VISITEI CORA CORALINA
Hoje, em tempo de carnaval tomo atitudes, faço coisas, sinto outras que não dizem nada da folia de momo. Desta vez, e neste ano decidi que visitaria Cora Coralina, lá na cidade onde imortalizada, encantada, vive. Em Goiás Velho-GOA imagem pode conter: céu, nuvem e atividades ao ar livre. A cidade está parada no século XVIII, com suas ruas de pedra tosca, suas ladeiras, suas casas com muitas janelas, suas pontes de madeira que por ela, a qualquer hora poderá passar um carro de boi, uma comitiva, um grupo de escravos acorrentados, e um rio que a corta de ponta a ponta. Mas, porque visitar Cora Coralina, tão longe? Nem tudo nada vida, tem explicação. Ademais, longe é um lugar que nao existe. Quem já prestou a atenção na forma, no trato da palavras, na suavidade da ideia, na maneira como Cora escrevia, fica claro perceber que ela dá vidas aos bichos, aos fenômenos da natureza, aos sentimentos. Dialoga com eles. Tudo o que mais tento me aproximar, e pouco ou quase nada, sei, consigo. Cada um fala, uma fala própria que ela sabiamente conseguiu eterniza-lo na Literatura. E tem seu primeiro livro publicado com 76 anos. O que prova ser a vida um serie de círculos concêntricos, que nunca se sabe onde começam ou onde terminam. Dentro da casa/museu de Cora é terminantemente proibido qualquer tipo de fotos e filmagens. Muitos dos seus objetos pessoais, seus livros, seus utensílios sua cama, suas compotas de doce, já que era doceira por profissão, sua maquina de escrever, que ela deixou de lado para exercitar sua arte manuscritamente. Na sua escrivaninha tem dois livros que eram usados por ela nos seus escritos, quando dava vida a seres inanimados. Um era um Dicionário, a quem ela chamava de meu filhinho, e o outro livro era " Grande Sertões, Veredas" do grande Guimaraes Rosa. Como já disse, não é permitido a fotografia, por ordem expressa da família. O que entendo ser um grande equivoco. Hoje com a facilidade de divulgação, o feito de Cora Coralina tomaria outra dimensão. Nas paredes da casa estão grafados textos, falas, pensamentos. Um deles, que precisei ler varias vezes para "decorar" todas as palavras repetirei aqui, agora: " Não tenha medo dos anos e não pense na velhice. Não pense e nunca diga estou envelhecendo. Estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou ouvindo pouco. Só quando preciso. Eu não digo nunca a palavra estou cansada. Nada de palavras negativas. Quanto mais você diz que estou ficando esquecida. Mais esquecida fica. Você vai ser convencido daquilo e convence outros. Então silencio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado. Mas não sei se sou velha. Você acha que sou velha?". Foi um prazer encontrar Cora Coralina. E definitivamente eu não a acho velha. Aqueles que encantam, que transcendem, que se perpetuam, não envelhecem. Pairam! E quando já de saída, Cora alerta: " Meu filho, 90% das citações nas Redes e que são atribuídas a mim, eu não as reconheço" E nem eu.

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