terça-feira, 4 de abril de 2017

Ensaio do Blog Professor Tim sobre o imaginário monarquista no Brasil.

O Rei não está morto e nem deposto no Brasil do forte imaginário monarquiata!
A República não acabou com a monarquia e com o forte imaginário monarquista no Brasil. Há mais reis e rainhas no Brasil do que possa imaginar a nossa vã filosofia.
A invasão portuguesa, em 1500, com as caravelas do fedorento Pedro Álvares Cabral, trouxe a monarquia absoluta de Portuguesa para terras brasileiras -que continua até hoje na vida social, esportiva, musical, econômica e administrativa do Brasil e dos brasileiros.
Em muitas revoltas sociais brasileiras, antes e depois de Dom João VI, apoiadas pelo setor progressista e revolucionário da Igreja Católica, muitos esperam o retorno de Dom Sebastião e do Sebastianismo -celebrando o Rei morto na batalha de Alcácer Quibir.
Isso alimenta um imaginário real e monarquista. Reis e Rainhas surgem todos os dias no imaginário monarquista da realidade brasileira.
Em 1989, nos 100 anos após a Proclamação da República, a Rede Globo exibiu a novela: Que Rei Sou Eu?, turbinando na TV a paixão imaginária verde-amarela pelo culto secular à Monarquia e pela eleição de presidentes fortes de caráter monarquista, como era o Collor -candidato oficial da poderosa Globo naquele ano de eleição presidencial.
Quando não são as novelas da Rede Globo, o imaginário monarquista sobrevive em diversos outros setores e realidades diversas.
Roberto Carlos é o eterno Rei da MPB, o grupo musical Raça Negra se declarou o Rei do Salão, Pinduca é o Rei do Carimbó, Reginaldo era o Rei do Brega; Genival é sempre o Rei do Moganga -ritmo musical atrapalhado do xodó e do baião do Nordeste.
Tem até o Rei do Leruaite e do Sebo Quente.
Cantora fracassada do Brega paraense e do tecno-music, a vocalista Joelma -ex Calypso- é chamada sempre de a 'Rainha do Bate Cabelo'.
Na Festa religiosa tem o Dia de Reis. E na profana de São Pedro, padroeiro do distrito de São Pedro, uma determinada banda se apresentou como se fosse a Rainha do Swing. 
A cantora Vanderleia era conhecida no meio musical e artístico como a Rainha da Fossa e da Discoteca; e a forrozeira Eliane é saudada como a Rainha do Forró.
E para entrar na onda do Funk ostentação, a boazuda Valeska Popozuda ficou famosa como a Rainha do Funk e Gretchen, outra cantora do pandeirão, ficou nacionalmente conhecida como a Rainha do Bumbum -cantando algo bizarro tipo Conga, Conga.
Jornalista Assis Chateaubriand, dono de um império de comunicação, era chamado de o Rei do Brasil.
Mas tem Rei no Brasil para todos os gostos, e não apenas na música. Pelé é o eterno Rei do futebol, Carequinha era o Rei do Picadeiro, Recarey era o Rei da Noite, Nélson Gonçalves foi muito tempo o Rei da Voz etc.
Existem ainda os Reis Momos dos períodos carnavalescos e os Reis Magos das Folias de Reis -celebradas no Brasil sempre no dia 6 de janeiro.
Humorista Mução é o Rei das Pegadinhas, Alfredo continua sendo o Rei da Peixada na Praia do Futuro, Kioto ainda é o Rei do Sushi em São Paulo.
Mais: tem o Rei da Borracharia, Rei da Sucata, Rei do Alumínio, Rei da Buchada, Rei do Seguro, Rei da Midia, Rei da Noite, Rei do cachorro quente, Rei da Malandragem etc.
Em Nova Russas, por exemplo, sempre existiram e continuam existindo muitos reis. 
Saudoso Chico Virado era reverenciado como o Rei da Vaquejada.
Já o Bar do Bilota [melhor bar da cidade] era e será sempre chamado de  o Rei da Cerveja Gelada e do Peixe Frito.
Com tantos Reis e Rainhas no Brasil, a República parece não existir.
É a eternidade do imaginário monarquista.
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Autor do artigo: Professor Tim é cientista político e blogueiro.  

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