"Mãe, quanta saudade do seu Gu, né? esse seu sentimento que não tem te deixado viver há 7 anos como mesmo diz, mas quero nesse instante aqui em que foi me dado a chance de escrever quebrar essa dúvida no seu coração, atenuar um pouco esse sentimento agonizante.
Quantas vezes te vi no túmulo chorando como se ali eu estivesse, passando a mão na foto que tinha lá e que com o tempo a chuva adentrou e fez apagar.
Te vi na rua com as mãos na cabeça dando crises de choro e querendo se jogar na frente dos caminhões, mas Deus sempre iluminou a vó para que recebesse dela o apoio pela intuição, eu ainda não possuo condições como ela e talvez por isso os "sonhos" com ela são comuns e comigo não.
Numa noite cheguei a ver a senhora com nova ideia de morte e graças a Deus mais uma vez a providência Divina agiu, quando deu aquela torção no pé e precisou ficar duas semanas sem andar.
Ah mãe, a morte pelo suicídio não ia te trazer pra meu encontro e bom que hoje tem estado melhor, mesmo que tão triste, mas sem a ideia de se matar.
Procure na caridade seu guia, saiba que eu estarei do seu lado em coração e que se Deus quiser a senhora vai viver muito tempo pra chegar daqui em tempo certo e ver que a luta vale a pena.
Quando vai fazer polenta não a salgue com sua lágrimas ao lembrar que seu Gu aqui amava esse prato.
Ao entrar no que era meu quarto, não fique arrumando a cama como se eu fosse chegar e precisasse dos cobertores prontos e o travesseiro umedecido.
Não permita revirar sua ferida comprando o meu perfume que era preferido, o da marca Polo e bater nas camisas pra sentir meu cheiro.
Viva mãe! Tem muita gente que precisa da senhora, do seu amor, da sua habilidade de fazer esfirras para matar a fome.
Te amo muito e nada vai mudar isso, muito menos a condição atual em que vivo e a invisibilidade que nos separa.
Preciso terminar, lembra de Deus e fique em paz.
Te amo, Jesus te abençoe.
Do seu moleque da perna torta."
Gustavo Simão Silva
Autor da publicação: José Matos
- DF.
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